Tudo que há para ser visto hoje é visto pelos olhos da política. Onde não há política em volta, colocam-na no meio forçosamente. Nesse sentido, vivemos a época da hiperpolitização, mas da má politização, pois quando vemos política em tudo e tudo se resume a ser de esquerda ou direita, a ser socialista ou liberal, estamos no vazio da vida e na pobreza de experiências.
A conversa política, na sua forma mais grotesca, engole e dissolve qualquer outro assunto que não seja si própria. Digo que isso é o vazio de experiências pois as pessoas que conseguem dizer que “tudo é político”, estas pessoas nunca choraram diante da beleza de uma música, nunca se emocionaram com um drama hollywoodiano, nunca observaram uma criança brincar, nunca beijaram ou abraçaram . . . nunca se apaixonaram. Que tipo de vida é aquela em que nada existe por si só e somente é um espectro da política?
A única pergunta que importa: Nietzsche é de esquerda ou direita? Platão é de esquerda ou direita? O filme Roma é de esquerda ou direita? A Capitã Marvel é de esquerda ou direita? Hollywood é de esquerda ou direita? E nada mais importa. Enquadrar tudo à política dos nossos tempos é o que restou para se fazer. Com isso, tudo que está além da linguagem política dos nossos tempos não pode ser tocado, não pode ser compreendido.

Nicolas de Melo, formado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pelo IFSP. Nascido
em 27/08/1993. Membro do CEFA.
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