O país vive um clima de tristeza. As pessoas andam tristes pelas ruas, de cabeça baixa, desanimadas. Isso desde quarta-feira, dia em que o ex-presidente Lula foi condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4ª região. Além de sofrer uma dura derrota – três votos pela condenação e nenhum pela absolvição – Lula ainda sofreu um grande revés ao ter sua pena aumentada de 9 para 12 anos de prisão. Isso praticamente o tira da vida pública pra sempre, já que só terá seus direitos políticos restabelecidos aos 81 anos. Isso não é bom, é ruim. Isso não deixa ninguém feliz, deixa as pessoas tristes. Mas era o certo a se fazer.
A justiça foi feita e mais do que nunca mostrou que a lei vale para todos. Em um país que luta para derrotar o foro privilegiado e poder deixar o judiciário colocar as mãos em bandidos feito Aécio Neves e Renan Calheiros, a condenação de um ex-presidente da República por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro tem um peso simbólico. Claro que essa consumação da justiça deixou muita gente de coração partido, mas ao mesmo tempo de alma leve.
Não houve a festa que a direita conservadora e os fascistas previam. Meia dúzia de tontos foram para as ruas comemorar a condenação de Lula, soltando fogos de artifício que aqui e acolá, só servem para prejudicar os cães e outros animais sensíveis ao barulho. Ao contrário disso tudo, o povo preferiu se recolher em suas residências e permanecer de cabeça baixa, sofrer individualmente e lamentar pela condenação do ex-presidente. Lula chegou a ter mais de 80% de aprovação em seu último ano de governo, 2010. Foi um Presidente que literalmente desceu a rampa do Palácio do Planalto para seguir em direção aos braços do povo. Isso será imortalizado na história, e nem mesmo toda a verdade que veio a tona depois será capaz de apagar essas belas páginas da democracia brasileira.
Não há o que comemorar na derrota de Lula. Só mesmo gente besta que comemorar. É triste ver que o ex-metalúrgico que venceu a fome e a pobreza, se tornando o primeiro operário Presidente do Brasil, possa ter se corrompido. Infelizmente essa tristeza e essa indignação ficarão registradas nos anais da história e imortalizadas na célebre frase do Procurador da República, Drº Gerun: “Lamentavelmente, Lula se corrompeu”. Ora bolas, isso não é motivo de comemoração para ninguém. Festejar que um ex-presidente da república tenha sucumbido a corrupção, as mazelas da política, e aos esquemas bilionários, é coisa de gente doente, ou que no mínimo não tem nenhum apreço pela pátria. Infelizmente, este dia 24 de janeiro de 2018 ficará registrado como um dia de tristeza para a nação, mas também como um dia em que a sensação de dever cumprido perpassou por todos os brasileiros: a justiça foi feita. Pagamos um preço alto por isso, mas necessário.
Historiador pela UFRuralRJ e pelo Colégio Federal Pedro II. Professor de História da rede pública no Rio de Janeiro. Diretor de Escola Pública. Sindicalista. Coordenador do SEPE – Sindicato Estadual dos Profissionais em Educação do Rio de Janeiro. Pesquisador de História, Filosofia,, Educação e Critica Cultural. Membro do CEFA – Centro de Estudos em Filosofia Americana. Revisor da Revista Redescrições, publicação do GT Pragmatismo, Filosofia Americana e Critica Cultural em parceria com o CEFA.